quarta-feira, 30 de abril de 2008

Inimigos sim...aliados também

A quem acha que os nossos inimigos são “pedras no nosso caminho”, faço uma oposição: nossos inimigos são nossos maiores aliados.
Em uma situação de dificuldade, é comum ouvirmos dos nossos amigos que somos bons, que temos capacidade. Mas isso nem sempre funciona. Pode ocorrer de eles usarem palavras que parecem certas no momento. Contudo, no fundo sabemos que eles estão apenas querendo nos animar, nos fazer voltar a ter fé na vida ou em algum sonho que parece impossível.
Já os nossos inimigos não. Eles sim, mexem com nossos instintos e nos fazem querer superar os limites. É para eles que queremos nos mostrar inteligentes, superiores, invencíveis. São eles que nos fazem dar o melhor que há em nós para alcançarmos êxito em algo. São eles que põem à prova o nosso domínio próprio, nossa capacidade de raciocínio e de reagir em um momento desastroso.
Nossos inimigos nos deixam “despidos”, nos mostram nossos pontos fracos e nos obrigam a descobrirmos os fortes para que assim nos cubramos de ousadia e coragem. Eles são nossos maiores incentivadores. Criam em nós um desejo cada vez maior de vitória, de sucesso, e com isso nos levam a usar todas as armas possíveis, principalmente as armas da inteligência.
Gratos devemos ser a esses seres que nos tiram do sério, que nos fazem sentir ódio, pois eles são os maiores responsáveis pelo nosso desenvolvimento, tanto como pessoas quanto como seres pensantes. É o prazer do desafio, do novo, de no final triunfarmos sobre eles, que nos motiva a aprender e descobrir mais, para que estejamos sempre preparados para um embate.
Inimigos. Combustível da nossa capacidade criativa. Com seus questionamentos e tentativas de nos ver em “saias justas”, nos obrigam a questionarmos mais sobre os fatos, sobre nossas próprias idéias. Sem querer, enriquecem nossa visão de mundo e até o nosso vocabulário. Afinal, quem nunca passou horas a fio formulando uma resposta, buscando palavras “difíceis” no dicionário, para fazer frente a um inimigo e vê-lo totalmente desconsertado?
O que desejamos de fato é que essas pessoas que não nos dão crédito passem a nos admirar, que entendam que “nós somos”, que “nós podemos”. Desejamos ouvir, não dos nossos amigos, mas daquela pessoa, aquela que vive nos inferiorizando com gestos, palavras e atitudes, que realizamos bem uma tarefa. Por isso essa busca pelo perfeccionismo cada vez maior que eles fazem surgir em nós. Por isso, o desejo de fazermos tudo sem erros, sem faltas, o que acaba extraindo de nós o que há de melhor.
A dúvida, a descrença na nossa capacidade, é o que nos encoraja a provar para nós mesmos, e principalmente para os outros, que podemos conseguir tudo que queremos, desde que lutemos e usemos bem o nosso intelecto. E essa luta quem cria são nossos benditos inimigos, sempre dispostos a nos ofender, nos fazer querer “dar o troco”, nos encorajar para os desafios, atiçar nossos instintos e, sem querer, nos preparar para a vida, para as dificuldades, para o “impossível”.
Aos nossos inimigos, vida e saúde, para que aplaudam de pé a nossa vitória.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Política ou politicagem?


“Novos documentos da polícia federal mostram que o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho, teria recebido R$ 150 mil de Zuleido Veas e confirmam a participação do governador Jackson Lago (MA) no esquema descoberto pela operação navalha.” (Revista Isto é, março de 2008).

Seria isso política ou politicagem?

A política que está presente no senso comum gera um bloqueio, um preconceito, nas pessoas devido à desumanidade que, por um fator histórico, foi vinculada a ela.

Negligências cometidas por indivíduos que deveriam levar o país ao progresso e nos quais foi depositada a esperança de uma nação, (mas que retribuem da pior forma possível) fazem com que ao se pronunciar a palavra política a primeira lembrança que vem à mente seja a da corrupção.

É melhor que a pergunta feita no início do texto seja logo respondida a fim de que ela não cause maiores dúvidas. Politicagem. Certamente, politicagem. Essa relação de covardia feita por quem tem o poder do estado é denominada por politicagem.

Desconstruiremos agora a imagem equivocada que se tem da política. Esta, na sua verdadeira essência, faz parte da conduta humana, das relações de mando e obediência e pode está presente em qualquer circunstância. Estamos falando da relação entre pais-filhos, professor-aluno, homem-mulher, irmãos... Onde houver a pluralidade há política. Vale ressaltar que o homem não nasce um ser político. A política “surge” de fora para dentro, ou seja, o individuo desenvolve-a a partir da cultura em que está inserido.

sábado, 26 de abril de 2008

Governo dengoso

Para iniciar a minha participação no "ElLu" vou comentar sobre um assunto que realmente me preocupa. Hoje, logo que vi a página inicial do jornal A Tarde, me deparei com uma notícia que eu já esperava ver, mas que mesmo assim me causou medo. "A dengue avança", assim estava lá. Pois é, mais um caso de dengue hemorrágica permeia a população baiana. 93 casos de morte por dengue (até o dia 24/04/2008) no Rio de Janeiro não foram suficientes para alertar às autoridades de que também poderia acontecer conosco.No dia 24/04/2008 o secretário de saúde de Salvador convocou a imprensa para afirmar que não existe "epidemia". Mesmo com os 208 casos de dengue até o dia 18 de abril, sendo 22 destes considerados como grave...não, não corremos risco de epidemia.
O engraçado é que, por ser considerada uma doença "democrática" (que pode alcançar qualquer classe social), chegamos a imaginar que as "autoridades" dariam maior importância, até porque, supostamente, ela poderia atingi-las. Entretando, existe um parêntese nessa história. Onde ocorre a maior incidência dos casos de dengue?? Nos bairros pobres, carentes de saneamento básico (um problema do governo). Ok...agora já eliminamos uma grande probabilidade de algum deles adquirirem a tão falada dengue, portanto, por que previnir?

Ps.: Adoraria continuar com esse clima de poesia proposto por minha amiga Anita - ela é ótima nisso - mas devo lembrar que esse blog é livre e discutiremos nele temas diversos, o que é muito bom, já que eu sou péssima com poemas!

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Quem sabe uma vida mais vivida

Cansei de falar de flores,
Cansei de falar do amor.

Já não me interessa falar

Do que traz sossego,

Do que é quase unanimemente belo

E aquieta o coração.

Eu quero incomodar espíritos,

Desassossegar almas,

Indagar mentes.

Quero falar do que dói,

Do que ofende,

Do que tira a razão.

Quero falar do sonho frustrado,

Da dor de dente,

Dos problemas da mente,

E mais ainda do desamor.

Quero acabar com a paz de espírito,

Desritmar o ritmo,

Narrar tristezas e dor.

Quero falar da vida,

Da parte dela que é omitida

Por risos falsos e hipocrisia;

Quero falar de derrotas,

De saídas sem portas,

Da incômoda ironia.

Preciso encontrar um paradoxo,

Perder a noção e falar coisas sem sentido;

Preciso ganhar o medo,

E sem receio

Me arriscar no desconhecido.

Quero sentir falta de nada,

Ausência de mim mesma

E perdas do que não tive;

Quero descobrir mentiras,

Me sentir só,

Me sentir triste.

Quero experimentar novos sabores,

Inventar novas cores

E fugir da rotina;

Quero me arrepender, me frustrar,

Me sentir mulher, me sentir menina.

Quero doce, quero amargo,

Quero mel, cruz e fel;

Quero sonho, quero pesadelo;

Quero certeza, quero receio.

Quero a vida, tal e qual ela é,

De cabo a rabo,

Lado A e B.

Mãos amigas

Na foto eu olho cada face, me ligo a cada detalhe e não consigo parar de olhar. E me vem aquela saudade, aquela velha vontade de todas essas faces reencontrar. Eu vejo vários pares de mãos, que um dia unidas, andaram juntas comigo. Eu enxergo meus irmãos, que a vida chama de meus amigos. Penetro olhares que muito me viram, que me decifravam e sempre sabiam o que se passava dentro de mim. Então eu me interrogo, não me conformo: por que a vida é assim? Estou despedaçada! Tento juntar os cacos, mas aquelas mãos amigas já não estão ao meu alcance para me ajudar. Sinto seus olhares conhecidos agora tão distantes, sem hoje poderem me olhar. Recordo o som de suas vozes, que destinos algozes ousaram me roubar. Mas ainda as sinto em posse, pois não há quem se conforme, se amigos não puder escutar. Me lembro de cada conselho, que a seu modo cada um sabia me dar. Tanto! Tanto eu me incomodo por já não podê-los apreciar. Me vem em mente meus erros, minhas falhas, que com paciência ou sem ela, não deixaram de ser apontados por suas mãos amigas. E me vem aquela falta dos nossos risos, nossas brigas. Amores de intrigas! Era tão bom dormir e saber que no outro dia iríamos trocar nossos olhares confidentes, rir dos outros, da vida, de nós mesmos e até do que não tivesse graça. Se bem que com vocês, tudo era alegria, tudo ganhava um significado tão especial, que só hoje posso entender. Eu estava tão habituada a tudo isso, que só a distância me fez perceber. E eu guardo na memória tantas coisas! Rio ao lembrar dos nossos papos no quiosque do colégio, da comida compartilhada na hora do almoço. Marmiteiros! Mas era tudo tão bom. Minhas tardes eram tão deliciosas quando passadas junto a vocês. Quer motivo melhor que esse para ir ao colégio? Aprender e redescobrir ao lado de quem a gente ama é sempre mais prazeroso. Ah! Como não lembrar da nossa união na hora das provas, dos bilhetes que voavam, das vozes que sussurravam e dos lembretes que se ocultavam. Parceria! Meu corpo ainda guarda o delicioso peso dos montinhos nos dias de aniversário. Sempre foi tudo tão bom... Então choro pelas vezes que deixei de dizer que os amava, que vocês sempre foram parte de mim. Choro porque tenho medo de nunca mais sentir o calor de suas mãos amigas, porque não sei viver sozinha e a solidão que mais me dói é a ausência de vocês. Eu pensei que eu era forte, que agüentava até a morte, mas a danada me veio em vida. Descobri que eu sou fraca, pois minha força estava em suas mãos amigas.

Eta!!Era pra hoje!!


Ontem eu pensei em dormir mais cedo,
Mas a insônia não me permitiu,
E quando o sono veio,
O ontem morreu e partiu.

Já é hoje!

Quando penso que deixei tantas coisas por acabar,
Tantos projetos incompletos,
Tantos caminhos incertos
Que eu não ousei trilhar.

Me dá um desconto, tempo!
Não posso correr tanto.
Um dia eu me emendo
E acabo com o “por enquanto”.

Calma! Eu sei que já é hoje!
Mas por que não fazemos tudo mais devagar?
O que? Por que não pode me esperar?

Ontem... hoje

Tenho algo pra fazer, mas não lembro.
Teimo sempre em esquecer e
Com freqüência me lamento.
Me falta fôlego pra correr e por isso
Me falta tempo.
Mas eu hei de aprender.
Ah! Se eu aprendo!

Entretanto...
Caramba! Era pra ontem
E eu não tenho nem pra hoje!
Amanhã... É.... Quem sabe amanhã?
Mas amanhã vai ser hoje
E hoje vai ser ontem.
E se não der tempo?
Agora mesmo foi esse instante
E num breve relance virou passado.
O presente chegou ofegante,
Impaciente, apressado.


E não é que não deu tempo?

Poxa!
Se eu tivesse tido só mais um minuto.
Que coisa!
O tempo quer mandar em tudo.
Mas eu não me conformo,
Eu esperneio, faço vida, faço luto.
Agora vou me permitir,
Vou mais além
E esquecer a cronologia.
Vou misturar sol e lua,
Ontem e hoje,
Noite e dia.