
Cansei de falar do amor.
Já não me interessa falar
Do que traz sossego,
Do que é quase unanimemente belo
E aquieta o coração.
Eu quero incomodar espíritos,
Desassossegar almas,
Indagar mentes.
Quero falar do que dói,
Do que ofende,
Do que tira a razão.
Quero falar do sonho frustrado,
Da dor de dente,
Dos problemas da mente,
E mais ainda do desamor.
Quero acabar com a paz de espírito,
Desritmar o ritmo,
Narrar tristezas e dor.
Quero falar da vida,
Da parte dela que é omitida
Por risos falsos e hipocrisia;
Quero falar de derrotas,
De saídas sem portas,
Da incômoda ironia.
Preciso encontrar um paradoxo,
Perder a noção e falar coisas sem sentido;
Preciso ganhar o medo,
E sem receio
Me arriscar no desconhecido.
Quero sentir falta de nada,
Ausência de mim mesma
E perdas do que não tive;
Quero descobrir mentiras,
Me sentir só,
Me sentir triste.
Quero experimentar novos sabores,
Inventar novas cores
E fugir da rotina;
Quero me arrepender, me frustrar,
Me sentir mulher, me sentir menina.
Quero doce, quero amargo,
Quero mel, cruz e fel;
Quero sonho, quero pesadelo;
Quero certeza, quero receio.
Quero a vida, tal e qual ela é,
De cabo a rabo,
Lado A e B.
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