sexta-feira, 25 de abril de 2008

Quem sabe uma vida mais vivida

Cansei de falar de flores,
Cansei de falar do amor.

Já não me interessa falar

Do que traz sossego,

Do que é quase unanimemente belo

E aquieta o coração.

Eu quero incomodar espíritos,

Desassossegar almas,

Indagar mentes.

Quero falar do que dói,

Do que ofende,

Do que tira a razão.

Quero falar do sonho frustrado,

Da dor de dente,

Dos problemas da mente,

E mais ainda do desamor.

Quero acabar com a paz de espírito,

Desritmar o ritmo,

Narrar tristezas e dor.

Quero falar da vida,

Da parte dela que é omitida

Por risos falsos e hipocrisia;

Quero falar de derrotas,

De saídas sem portas,

Da incômoda ironia.

Preciso encontrar um paradoxo,

Perder a noção e falar coisas sem sentido;

Preciso ganhar o medo,

E sem receio

Me arriscar no desconhecido.

Quero sentir falta de nada,

Ausência de mim mesma

E perdas do que não tive;

Quero descobrir mentiras,

Me sentir só,

Me sentir triste.

Quero experimentar novos sabores,

Inventar novas cores

E fugir da rotina;

Quero me arrepender, me frustrar,

Me sentir mulher, me sentir menina.

Quero doce, quero amargo,

Quero mel, cruz e fel;

Quero sonho, quero pesadelo;

Quero certeza, quero receio.

Quero a vida, tal e qual ela é,

De cabo a rabo,

Lado A e B.

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